Dividendos da Petrobras não estão em risco após queda do petróleo. Ainda, diz Itaú BBA

Empresas citadas na reportagem:
A queda acentuada nos preços do petróleo vem levando investidores a se perguntarem se a Petrobras (PETR4) conseguirá manter sua política de pagamento de dividendos, mesmo às custas de aumentar seu nível de endividamento. Segundo o Itaú BBA, por enquanto a companhia tem folga para fazer isso.
Em relatório desta sexta-feira (11), o time de análise do setor de óleo e gás do banco, liderado por Monique Natal, desenhou alguns cenários possíveis.
Naquele em que a cotação do óleo se mantém ao redor dos US$ 65 o barril até o fim do ano, os analistas calcularam que a empresa precisaria aumentar sua dívida bruta em US$ 60 bilhões do final de 2024 para US$ 64 bilhões.
Isso permitiria que a Petrobras cumprisse com os pagamentos de dividendos ordinários de 2025, mantendo-se abaixo do limite máximo de dívida bruta de US$ 75 bilhões.
Porém, se a cotação do barril cair abaixo de US$ 50, a companhia teria que tolerar uma dívida acima desse nível para manter a política de dividendos.
“Reconhecemos que a empresa pode considerar alavancar oportunidades para priorizar o pagamento de dividendos no curto prazo, mas estamos incertos sobre a extensão de tais ações”, escreveram Monique e equipe.
Fórmula de cálculo para dividendos da Petrobras
Atualmente, a política de dividendos ordinários da Petrobras usa um fórmula que combina o fluxo de caixa operacional menos os investimentos (capex).
Nela, o dividendo equivale a 45% do que entra como fluxo de caixa operacional menos o capex. Isso, desde que a dívida não ultrapasse o limite citado acima.
Em totais, o resultado dessa conta resultaria em dividendo ordinário de aproximadamente R$ 55 bilhões da Petrobras em 2025, pelos cálculos da XP.
Por ora, manter essa política não vem sendo um problema para a companhia. Isso, desde que os preços muito baixos da commodity não se prolonguem por muito tempo.
Mas se este último cenário acontecer, com cotação do barril abaixo de US$ 50, a Petrobras se veria obrigada a fazer pelo menos uma de três coisas: tolerar um nível de endividamento maior, reduzir o plano de investimentos ou cortar os dividendos dos acionistas.
Assim, se os preços do petróleo caíssem abaixo de US$ 50 o barril, o aumento da alavancagem necessária para manter a política de dividendos elevaria a dívida bruta para mais de US$ 75 bilhões.
Guerra comercial provoca derrocada do petróleo
As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) chegaram a cair 16% em reais em apenas uma semana, como consequência da derrocada das cotações do petróleo no mercado internacional, refletindo o pessimismo criado com a anúncio, pelos Estados Unidos, de tarifas comerciais em larga escala.
O temor do mercado é de que uma guerra tarifária generalizada provoque recessão no mundo inteiro.
O presidente dos EUA, Donald Trump, adiou a implementação das tarifas por 90 dias para a maioria dos países, aliviando parcialmente os temores do mercado.
O barril de petróleo do tipo Brent, cotado a US$ 74 antes do anúncio de Trump (2 de abril), chegou a cair para US$ 62. Nesta sexta-feira, a cotação subia para US$ 64.
Com isso, PETR4 subia 2,5%.
No acumulado do ano, porém, o papel ainda acumula desvalorização de cerca de 11%.
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