Ações da Eletrobras (ELET3) podem despencar com indicação de Guido Mantega? Entenda
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As ações da Eletrobras (ELET3;ELET6) caem no Ibovespa nesta sexta-feira (28) em meio à baixa generalizada do índice. O papel recua após a notícia de que o ex-ministro Guido Mantega deve ser indicado ao conselho fiscal da Eletrobras. Isso mesmo após a transmissora chegar a um acordo com o governo federal para encerrar a ação judicial movida pela União no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a companhia sobre disputas de voto em seu capital social.
Como parte do acordo, o governo tem direito a indicar três membros ao conselho administrativo e um para o conselho fiscal da Eletrobras. Segundo o g1, o assento do conselho fiscal vai para o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Para o mercado financeiro, a indicação pode trazer inquietação aos acionistas, mas o acordo com a União é o contraponto para alívio. A Eletrobras, afinal, se livrou de financiar a possível construção da usina nuclear Angra 3, apesar de ainda ter que pagar contratos atuais e mais R$ 2,4 bilhões.
Mantega traz sinal ruim, mas não faz preço em Eletrobras (ELET3)
O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega seria uma “inquietação”‘ para acionistas da geradora e distribuidora de energia elétrica. Esta é a avaliação da corretora Ativa Investimentos. O acordo costurado entre Eletrobras e União continua, no entanto, sendo o maior fator positivo para as ações da Eletrobras (ELET3).
Ao lado de Guido Mantega, Maurício Tomalsquin, presidente-executivo de Transição Energética na Petrobras, foi indicado ao conselho administrativo da Eletrobras. A petroleira confirmou a nomeação em fato relevante ao mercado.
Os outros dois assentos do quadro de administração devem ir, segundo o jornal Valor Econômico, para Nelson Hubner, ex-ministro diretora da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), e Silas Rondeau, também ex-ministro de Energia e presidente da ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional), sócia da Eletrobras no controle da Eletronuclear.
O mercado sabia que o governo teria três assentos na finalização do acordo com a Eletrobras (ELET3). Portanto, para a Ativa, “independente de quem fossem os escolhidos, o governo segue como acionista minoritário”.
“A escolha de Guido Mantega para o conselho fiscal da Eletrobras, por mais que possa trazer alguma resistência por seu histórico, não altera a tese de investimentos da empresa”, disseram analistas.
Em retrospecto, Mantega deve ocupar um cargo menos importante do que nas tentativas anteriores de emplacá-lo companhias abertas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já defendeu que Mantega assumisse a presidência da mineradora Vale (VALE3). Logo antes da posse de Gustavo Pimenta, incumbente ao cargo.
“O impacto (da nomeação de Guido Mantega) é pequeno para a Eletrobras porque é não é um cargo (conselheiro fiscal) muito estratégico”, afirma Fernando Siqueira, head de research da Eleven Financial.
“Mas o sinal é ruim”, completa.
Acordo traz melhora no risco para ações, diz Safra
Além das indicações ao conselho, o acordo prevê a rescisão do contrato que obrigava a Eletrobras (ELET3) a investir na construção da usina nuclear Angra 3, firmado com a ENBPar. Mesmo assim, a transmissora terá que pagar R$ 2,4 bilhões em debêntures emitidas pela Eletronuclear, prevê o termo assinado por Eletrobras e União.
As debêntures devem ser convertidas em participação no capital social, e tem vencimento de 10 anos com período de carência de 4 anos.
Na visão do Banco Safra, o acordo traz alívio para as ações da Eletrobras. O banco afirma que há uma queda no prêmio de risco do papel com o fim do imbróglio com o governo, mesmo sob condição de indicar três conselheiros.
“O fato representa um avanço significativamente positivo para a Eletrobras, reduzindo os riscos do investimento”, afirmou a equipe liderada por Daniel Travitzky, do Safra.
O meio-termo costurado entre União e Eletrobras também traz “cláusulas de proteção para a Eletrobras” caso o governo siga com a construção de Angra 3.
“Ao mesmo tempo, força a redução de custos na Eletronuclear, o que é positivo para a Eletrobras”, disseram analistas.
O Safra mantém recomendação de compra para as ações da Eletrobras (ELET3;ELET6) e afirma que a curva de preços de energia podem ainda justificar um potencial de alta maior para o papel.
O preço-alvo do ativo fixado pelo banco é de R$ 45,70, upside de 10% em relação à cotação atual.
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