Ações de tecnologia estão em dificuldades? Não as da Netflix

Apesar do bom desempenho recente, as projeções de lucros da Netflix para o primeiro trimestre podem impactar fortemente suas ações

As ações de tecnologia estão em dificuldades — exceto as da Netflix (NFLX34).

As ações da empresa de streaming estão superando o mercado em geral, com alta de 8% neste ano e quase 60% nos últimos 12 meses. A Netflix mira um valor de mercado de US$ 1 trilhão até o final da década.

Mas se a empresa de streaming apresentar projeções incertas ao divulgar os resultados do primeiro trimestre após o fechamento do mercado nesta quinta-feira (17), as ações poderão sofrer algumas perdas.

Analistas consultados pela FactSet esperam que a Netflix, a empresa por trás de Bridgerton e Round 6, registre lucros de US$ 5,67 por ação e uma receita de US$ 10,5 bilhões.

Isso representaria um aumento em relação aos US$ 5,28 por ação e receita de US$ 9,4 bilhões registrados no mesmo período do ano passado.

“Acreditamos que o desempenho recorde de assinantes no 4º trimestre e os aumentos de preços impulsionarão o crescimento do ano, enquanto o retorno de várias franquias importantes, incluindo Stranger Things, Round 6 e Wandinha, manterão o ritmo”, escreveu o analista do UBS, John Hodulik, em nota na segunda-feira (14).

O analista do UBS classifica as ações como “compra”, com um preço-alvo de US$ 1.140, o que implica uma valorização de 19% em relação ao preço de mercado das ações na quarta-feira.

Projeções no foco dos analistas

Em janeiro, a Netflix reportou um ganho líquido de 18,9 milhões de assinaturas pagas durante o quarto trimestre, superando em muito as projeções. No entanto, a empresa não divulgará mais o número de assinantes a partir deste trimestre.

Isso coloca o foco nas projeções da empresa. A Netflix afirmou em janeiro que espera que a receita em 2025 fique entre US$ 43,5 bilhões e US$ 44,5 bilhões. Isso equivaleria a um crescimento de 12% a 14% na comparação anual.

O ambiente econômico mudou nas últimas semanas com a implementação da política tarifária do presidente Donald Trump, que afetou o sentimento do consumidor e alimentou preocupações com a inflação.

Um risco para a Netflix: se os preços subirem, os consumidores podem reduzir gastos não essenciais, como serviços de streaming e outras assinaturas.

A própria Netflix aumentou os preços, anunciando novos aumentos no último trimestre. A Netflix também oferece um pacote de serviços com anúncios com preços mais baixos, o que pode ajudá-la a manter os assinantes caso os usuários cortem os gastos, mas ainda queiram acesso ao conteúdo que a Netflix oferece.

“A Netflix está posicionada para acelerar a contribuição da receita do pacote com anúncios nos próximos anos, adicionando mais eventos ao vivo, aprimorando suas soluções de publicidade e segmentação, e ampliando sua estratégia de conteúdo”, escreveu Alicia Reese, analista da Wedbush, que classifica as ações como compra, com preço-alvo de US$ 1.150.

“Embora o crescimento maciço de assinantes tenha sido o principal impulsionador em 2024, esperamos que os aumentos de preços impulsionem o crescimento da receita em 2025 e que o nível de anúncios impulsione ainda mais a receita em 2026.”

No entanto, a publicidade pode ser afetada se a economia enfraquecer e as empresas reduzirem os orçamentos de marketing. A publicidade se tornou uma fonte crescente de receita para a Netflix.

Gregory Peters, coexecutivo da Netflix, disse na teleconferência de resultados da empresa em janeiro que a Netflix “dobrou sua receita com anúncios em relação ao ano passado. Esperamos dobrá-la novamente este ano”.

Wall Street estará atenta para ver se as projeções da Netflix refletirão um ambiente econômico difícil ou mais dessa força.

Muito depende dos resultados: as ações da Netflix estão solidamente no verde este ano, apesar das quedas de dois dígitos tanto no S&P 500 quanto no Nasdaq Composite.

Com informações do Valor Econômico

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