Ações da Marfrig disparam com absorção da BRF, que volta a cair; o que esperar das ações agora?

Bancos não tardaram a analisar as implicações da possível fusão entre as duas empresas. Confira o que você pode esperar se investe nos papeis

Empresas citadas na reportagem:

As primeiras análises sobre a compra de 100% da BRF pela Marfrig, formando a MBRF, aponta que ao menos por enquanto os acionistas da MRFG3 saem vencedores. E a BRFS3 deve seguir em baixa.

“Nosso cálculo aproximado sugere um valor justo de R$ 17,30 para as ações da BRF — cerca de 16% abaixo dos níveis atuais de mercado”, diz o BTG em relatório.

No ano, BRF cai quase 19% enquanto MRFG3 cresce 43%. Nesta sexta-feira (16), perto da 12h30, os papéis da Marfrig avançaram em torno de 19%, enquanto a BRF caiu mais de 2%.

Contudo, quando o assunto é o desempenho operacional, a BRF tem sustentado números mais animadores por conta do “ciclo excepcionalmente favorável do frango”, destaca ainda o BTG.

“A demanda global permanece firme, enquanto a indústria de frango continua lutando contra o crescimento da oferta”, explicam os analistas do banco em relatório.

Por conta desse momento particularmente especial da BRF, o banco acredita que “a transação favorece a Marfrig em relação à BRF”, levando em conta os preços atuais dos papéis.

Ainda assim, o BTG tem recomendação neutra para ambas as ações e promete atualizar em breve suas projeções e tese de investimento para MRFG3 e BRF3.

BB rebaixa BRFS3, mas vê boas perspectivas no longo prazo

Da mesma maneira, o BB entende que esse movimento “é negativo para o acionista da BRF”. Por isso, o banco rebaixou a sua recomendação para BRF de ‘compra’ para ‘neutra’.

Os analistas do BB dizem que o acionista da BRF passa a ter ações de uma companhia com maior alavancagem financeira e exposição a proteína bovina, em momento mais difícil, com operações com rentabilidade inferior aos negócios da BRF neste momento.

Mas, pensando no longo prazo, o movimento é interessante para os acionistas da BRF considerando a potencial captura das sinergias, além do fato da diversificação de proteínas e geográfica, o que pode “mitigar a queda da rentabilidade nas operações de proteína de aves e suínas quando o ciclo dessas proteínas virar”.

Além disso, há chances de as ações da nova empresa, a MBRF, serem listadas na bolsa dos Estados Unidos, em movimento semelhante ao que a JBS está preparando. Segundo o BB, isso “tem potencial para destravar valos para os acionistas da MBRF (nova companhia criada), compensando os novos riscos incorridos pelos atuais acionistas da BRF”.

‘Movimento positivo’ para ações da Marfrig, diz BB

As ações MRFG3 acumulam alta em torno de 19% no ano, “o que coloca o preço corrente muito próximo do nosso preço-alvo para o final de 2025 de R$ 20,60”, diz o BB. O anúncio da compra integral da BRF pode mudar o cenário a favor das ações da Marfrig e dar um fôlego extra aos papéis.

“Enxergamos o movimento como positivo para os acionistas da Marfrig desde o início, considerando que a companhia resultante da combinação dos negócios (MBRF) fortalece sua presença global e de diversificação de proteínas”, diz o BB.

Além disso, “no longo prazo, conforme seja observada a captura de sinergias ora divulgadas, poderemos ver novo destravamento de valor para os acionistas, bem como a redução da alavancagem financeira”, acrescenta.

Detalhes da compra de 100% da BRF

Para o BTG, a Marfrig está pronta para dar o próximo passo e incorporar totalmente a BRF. Assim, estaria consolidada a terceira maior potência global em proteínas. A MBRF perderia apenas para JBS e Tyson e concorreria em algum nível de igualdade com o Grupo WH, da China.  

O acordo envolve a incorporação dos 47% restantes da participação minoritária da BRF pela Marfrig por meio de uma troca de ações.

Sinergias

A expectativa é que as empresas reduzam custos em R$ 485 milhões. Isso inclui “oportunidades de vendas cruzadas e integração da cadeia de suprimentos”, segundo o BTG.

Além disso, “outros R$ 320 milhões por ano poderiam ser economizados com a consolidação das operações logísticas e comerciais”.

Mas o benefício mais significativo está relacionado à otimização tributária, “com um valor presente líquido projetado de R$ 3 bilhões”. A maior parte disso seria capturada já nos primeiros três anos de operação.

Como ficam as ações da Marfrig e da BRF agora?

Para cada ação da BRF, os acionistas receberão 0,8521 ação da Marfrig. A troca de ações será realizada após o pagamento dos dividendos de ambas as empresas. Isso significa que os papéis já estarão sendo negociados ex-dividendos.

Os acionistas da BRF que optarem por não participar da fusão terão direito ao recebimento de R$ 19,89 por ação. Nesta sexta, às 11h15, os papéis valiam R$ 20,35.

Para ter direito, os investidores devem manter ações da BRF de 15 de maio até o fim de julho.

“Se todos os minoritários toparem entrar na fusão, 43% da nova empresa (MBRF) estará nas mãos desses acionistas, com o controlador tendo sua participação diluída de 72% para 41%”, explica o BTG.

A fusão também deve movimentar o mercado de títulos privados, como CRAS e bonds. E, segundo analistas, acende um sinal amarelo. A movimentação, quando finalizada, pode favorecer mais os títulos da Marfrig, com uma forte redução da alavancagem da nova empresa, a MBRF.

Dividendos

Em conjunto com a fusão, ambas as empresas declararam dividendos. BRF pagará R$ 3,5 bilhões (R$ 2,20/ação). Marfrig, R$ 2,5 bilhões (R$ 2,94/ação).

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