De US$ 20 a US$ 200: vale a pena pagar pela assinatura de IA?

As ferramentas de inteligência artificial não são totalmente gratuitas. Existem planos de assinatura das plataformas IA para usuários interessados no serviço. O ChatGPT, por exemplo, possui dois planos: Plus e Pro. O primeiro, cobra US$ 20 mensais (mais ou menos R$ 114), já o segundo custa US$ 200 por mês, algo em torno de R$ 1.149. No caso do Google One, que usa a ferramenta Gemini, o valor sai por R$ 96,99 mensais. Já a DeepSeek não possui plano de assinatura para usuários individuais.

O diferencial dessas assinaturas é que elas permitem usar modelos mais sofisticados de inteligência artificial. “A partir daí, abre-se a possibilidade de criação de agentes personalizados, carregamento de leitura de arquivos, armazenamento das atividades realizadas, além de possibilitar um uso mais intensivo da ferramenta”, esclarece Rhodrigo Deda, head de novos negócios da Preâmbulo Tech.

Quem deve usar os planos de assinatura das plataformas de IA

Mas, ainda assim, será que vale a pena ter um plano de assinatura de IA individual?

Isso depende do perfil de usuário.

“Esses planos são ideais para pessoas que usam essas ferramentas com mais frequência ou de forma mais aprofundada. Também servem muito bem para quem valoriza produtividade e quer otimizar o tempo no dia a dia”, pontua Elaine Coimbra, especialista em liderança, inovação e inteligência artificial.

Para entender melhor, Guilherme Zillig, consultor para temas de tecnologia e inovação da FAT (Fundação de Apoio à Tecnologia), afirma que esses planos de assinatura de IA podem ser interessantes para profissionais que trabalham com texto, análise de dados, ensino, marketing, desenvolvimento de produtos, atendimento ao cliente ou produção de conteúdo.

“As versões pagas são úteis também para estudantes em fase de trabalhos acadêmicos ou concursos. Ou seja, que precisam sintetizar informações complexas em pouco tempo”, acrescenta.

Portanto, de acordo com os especialistas, se a pessoa precisa dessas ferramentas para ter economia de tempo, mesmo com a revisão do material escrito pela ferramenta de IA, e a utiliza de maneira frequente, então vale a pena assinar.

“Agora, se a pessoa faz uso esporádico da plataforma, ou não tem familiaridade com tecnologia e não pretende se aprofundar no tema, não vale a pena contratar o plano de assinatura. A curiosidade pode ser atendida pelo plano gratuito da maioria das plataformas”, analisa Zillig.

Benefícios dos planos de assinatura de IA

E mesmo para quem pode obter benefícios com a assinatura dos serviços, é preciso atenção. Por isso, pe bom entender um pouco mais a respeito dos serviços voltados aos assinantes.

• Limites de uso: planos gratuitos costumam ter restrições de mensagens diárias. Por outro lado, os pagos permitem uso contínuo ou ampliam a quantidade de interação por dia.
  
• Modelos avançados: usuários costumam ter acesso a versões mais atualizadas da IA. “Ou seja, com melhor capacidade de resposta, além de ser mais rápida e com maior habilidade de análise”, afirma Nelson Aguiar, professor dos cursos de TI da Universidade São Judas;
  
• Disponibilidade: em horários de pico, dependendo da ferramenta, assinantes geralmente têm prioridade de acesso, evitando instabilidades ou lentidão;
  
• Funcionalidades exclusivas: muitos planos oferecem recursos adicionais. Alguns exemplos são: integração com outras ferramentas, personalização, armazenamento em nuvem ampliado, IA voltada para criação de imagem e maior segurança.
  
• Upload de documentos: é possível subir arquivos em PDF, TXT e outros para resumo, análise e extração de informações diretamente pela IA.
  
• Geração e edição de imagens aprimorada: planos mais caros podem oferecer ferramentas mais avançadas para criação e manipulação de imagens.

Desvantagens das assinaturas

Mas os planos de assinatura das ferramentas de IA possuem pontos negativos. São eles:

• Custo: se o usuário não fizer uma boa utilização da ferramenta, o valor pode ser uma desvantagem. Afinal de contas, esse preço será descontado mensalmente da conta dele;
  
• Curva de aprendizado: “Para aproveitar ao máximo os recursos avançados, o usuário precisa aprender a usar comandos mais eficazes. E isso pode demandar tempo e dedicação”, diz Aguiar;
  
• Segurança de informação e proteção de privacidade: é necessário analisar os termos de uso e as políticas de privacidade das empresas. “Isso para conseguir verificar como os dados incluídos na ferramenta serão utilizados”, argumenta Rhodrigo Deda;
  
• Limitações de uso: mesmo nos planos pagos podem ocorrer limitações em relação à precisão das respostas e à capacidade de gerar textos complexos. “A inteligência artificial pode ocasionalmente fornecer informações confusas ou erradas, um fenômeno conhecido como alucinação de IA“, comenta Alessandra Montini, professora da FIA Business School.;
  
• Dependência dos serviços da nuvem: usar soluções em nuvem significa depender desses serviços. E isso pode ser uma desvantagem se houver problemas de acesso ou mudanças nas políticas de uso da plataforma, por exemplo.

Pensamento estratégico

Em resumo, a decisão de assinar qualquer plataforma de IA deve ser pensada de forma estratégica. Por isso, é importante verificar se existe mesmo a necessidade da versão paga para a tarefa que se pretende realizar.

“Além disso, vale conhecer as plataformas concorrentes e checar se alguma com a versão gratuita já atende ao que o usuário precisa. Também é interessante avaliar se o ganho de tempo, produtividade e qualidade justifica o valor que será gasto mensalmente no plano de assinatura da plataforma de IA”, conclui Nelson Aguiar.